10 de dezembro de 2024
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UM TIGRINHO (OU BET, JOGOS DE APOSTA) CONTRA TODAS FAMÍLIAS

 UM TIGRINHO (OU BET, JOGOS DE APOSTA) CONTRA TODAS FAMÍLIAS

O endividamento das famílias e a prática de apostas em jogos como o “Jogo do Tigre” têm se tornado questões preocupantes para muitas famílias no Brasil, refletindo um fenômeno que se intensificou nos últimos anos, especialmente com a popularização das apostas online. As promessas de ganhos rápidos e fáceis atraem pessoas em busca de uma solução para suas dificuldades financeiras, mas frequentemente resultam em consequências devastadoras.

A dinâmica do “Jogo do Tigre” e de outros jogos de azar é sedutora. Os jogadores são incentivados a acreditar que podem multiplicar suas economias rapidamente, com a promessa de prêmios substanciais. Entre nós economistas, temos uma expressão que diz: Não existe almoço grátis, ou seja, não acredite em promessas de enriquecimento fácil.

Essa ilusão é alimentada por influenciadores e propagandas que mostram histórias de sucesso, criando uma expectativa irreal sobre a possibilidade de enriquecimento. No entanto, a realidade é bem diferente. A maioria dos jogadores acaba perdendo mais do que ganha, o que gera um ciclo de endividamento que pode ser difícil de romper e que compromete a vida, a saúde física e mental.

No Brasil, a legislação sobre jogos de azar era complexa e historicamente restritiva, com Decreto-Lei nº 3.688/1941, que proíbia a exploração de jogos de azar em locais públicos. Isso se alterou as redes sociais, o celular na mão e com marco regulatório que permitiu a operação das bets (apostas esportivas) foi a Lei 13.756/2018, sancionada em dezembro de 2018. Essa lei foi responsável pela legalização das apostas esportivas de quota fixa, ou seja, aquelas em que o apostador já sabe, no momento em que faz a aposta, quanto pode ganhar caso acerte o resultado, que também vem se transformando em problema no seio das famílias, associado ao endividamento que se prolonga há anos.

As consequências do endividamento são profundas e afetam não apenas a saúde financeira das famílias, mas também seu bem-estar emocional e social. O estresse financeiro pode levar a conflitos familiares, desintegração de relacionamentos e problemas de saúde mental, como ansiedade e depressão. Os membros da família que se tornam dependentes das apostas frequentemente se isolam, criando um ambiente de tensão e desconfiança. Além disso, a busca incessante por recuperar perdas financeiras pode levar a um agravamento da situação, com os apostadores contraindo novas dívidas para tentar cobrir as antigas.

O impacto social é igualmente preocupante. Famílias que enfrentam dificuldades financeiras devido ao endividamento por apostas são mais propensas a recorrer a empréstimos informais, que geralmente têm taxas de juros exorbitantes. Isso cria um ciclo vicioso de endividamento, onde a falta de acesso a informações financeiras adequadas e a pressão social para manter um estilo de vida aparente contribuem para a perpetuação da pobreza. Muitas vezes, as famílias se veem obrigadas a sacrificar necessidades básicas, como alimentação e educação, em função das dívidas acumuladas.

Além disso, a falta de regulamentação dos jogos de azar no Brasil, incluindo o “Jogo do Tigre”, agrava a situação. A ausência de uma estrutura legal que proteja os consumidores permite que plataformas de apostas operem sem supervisão, explorando a vulnerabilidade dos jogadores. Isso não apenas aumenta o risco de fraudes, mas também dificulta o acesso a recursos que poderiam ajudar aqueles que se tornam dependentes do jogo.

Em suma, o endividamento e as apostas em jogos como o “Jogo do Tigre” têm um impacto significativo nas famílias baianas, exacerbando problemas financeiros e sociais. A promessa de ganhos fáceis se transforma em um pesadelo, levando a um ciclo de dívidas e estresse que pode ser difícil de romper. É fundamental que haja uma conscientização sobre os riscos associados a essas práticas e que sejam implementadas políticas públicas que promovam a educação financeira e a regulamentação dos jogos de azar, a fim de proteger as famílias e promover um ambiente mais seguro e saudável.

Bruno Mota,  é pai, professor de economia e mestre em desenvolvimento regional e urbano. Economista premiado pelo Corecon/Ba e Banco do Nordeste do Brasil. Autor de livros e participações de publicações do Corencon, Unicamp, além de ter trabalhos aceitos e apresentados em Portugal e Argentina. Palestrante, educador financeiro e criador do canal: @financasparajovensoficial no Instagram e no YouTube: Finanças para Jovens Oficial

redação

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