Beneficiários do Planserv relatam descaso após suspensão no Hospital da Bahia: ‘Cada vez pior’.
No ano passado, o pesquisador Léo Magno teve que visitar três hospitais de emergência em Salvador antes de conseguir receber atendimento médico. Naquele momento, ele enfrentou um aumento repentino de pressão arterial e temia por sua vida. A razão para as recusas consecutivas foi o fato de ele ser beneficiário do Planserv, que é o serviço de saúde dos servidores estaduais. A partir de quinta-feira (7), as opções de atendimento se tornarão ainda mais limitadas.
A data corresponde ao início da suspensão de atendimentos emergenciais no Hospital da Bahia, na Pituba, para beneficiários do Planserv. Apesar de as negativas na porta da emergência já serem conhecidas, a decisão foi oficializada pela unidade de saúde. Quem depende do plano, observa com apreensão a diminuição de opções. Em agosto de 2023, o Hospital da Bahia não foi o único a negar atendimento a Léo Magno.
Além disso, o Hospital Santa Izabel, em Nazaré, e o Hospital Português, na Graça, também interromperam o atendimento ao servidor estadual. “É triste, o plano do Governo do Estado parece ser a destruição do Planserv. Os melhores médicos não nos atendem mais”, desabafa. Léo Magno, residente em Lauro de Freitas, tinha como opção o Hospital Aeroporto, que foi descredenciado. “Agora, preciso ir até Cajazeiras para ser atendido”, refere-se ao Hospital Prohope.
O Hospital da Bahia comunicou que tentou negociar com o Planserv, mas não houve acordo entre as partes. “Após meses de negociações para encontrar um equilíbrio econômico, não conseguimos chegar a um consenso, o que resultou na necessidade de uma alteração contratual”, esclarece a instituição. O CORREIO apurou que o hospital está em processo de aquisição por um grupo nacional.
Mauro Adan, presidente da Associação de Hospitais e Serviços de Saúde do Estado da Bahia (Ahseb), enfatizou a relevância das duas instituições, mas não pôde entrar em detalhes sobre a interrupção do vínculo. “A descontinuação da relação não é algo comum. Acredito que, em qualquer relação comercial que foi interrompida, as partes devem avaliar as razões para isso. Cada instituição tem sua forma de atuar no mercado e parcerias com diferentes planos de saúde. É essencial que o cidadão saiba onde e o que seu plano cobre”, afirmou.
A professora aposentada Maria Souza, beneficiária do Planserv, esteve pela última vez no Hospital da Bahia há três meses. Ela foi acompanhar a mãe em um procedimento. “Eles já não estavam atendendo a emergência. Minha mãe conseguiu ser atendida porque estava com um relatório médico e a equipe já estava esperando dentro do hospital”, conta. “A suspensão é muito ruim. Ficamos com cada vez menos opção e o sentimento é de insegurança”, lamenta.
Segundo o governo do estado, os beneficiários que deram entrada no Hospital da Bahia pela emergência e que se encontram assistidos no momento não terão descontinuidade no atendimento. Desde junho, o Planserv conta com um hospital de atendimento exclusivo do convênio, localizado em Brotas. A unidade terá a abertura de 150 leitos antecipada para atender a demanda.
Beneficiários denunciam que têm enfrentado dificuldades para agendar consultas e exames através do plano. O filho de Maria Souza lesionou o braço há cinco semanas, e a família não conseguiu agendar sessões de fisioterapia. “Precisei pagar consultas de R$130 porque o Planserv está péssimo, não temos opções”, diz. O jovem vai precisar ser assistido por três meses.